Cristiane Luz
Era uma vez uma senhora chamada Sandra. Tinha uma neta de sua única filha, seu nome era Ane. Um dia Sandra chamou sua filha Martha e pediu para segurar a sua mão. Naquele momento, Ane que estava presente, viu sua avó fechando os olhos marejados de lágrimas até desfalecer.
Passaram-se algumas semanas. Numa manhã, o despertador de Ane parou de tocar sem ao menos ela mexer nele. Achou estranho, mas, não deu bola, pois, como um dia normal tinha que ir para a escola. Ao sentar-se à mesa para tomar café, a xicara veio sozinha ao seu encontro, ela assustou-se e saiu correndo.
Já na escola, procurou não comentar com ninguém. Porém, no intervalo, enquanto conversava com seus colegas, tropeçou e, ao invés de cair começou a levitar. Os colegas sem entender, aos gritos, saíram correndo deixando-a sozinha. Ane, também assustada com a situação foi correndo para casa.
Observou que estava correndo na velocidade da luz, não podia controlar seu movimento naquele momento.
Ao chegar em casa contou para sua mãe.
- Ane, minha filha, é apenas a sua imaginação. Talvez pela perda da sua avó recentemente, você está vivendo o luto à sua maneira – falou Martha.
Ane, aborrecida foi para o quarto. Ninguém acreditava nela.
Pouco tempo depois, seu amigo Matheus chegou para visita-la.
- Porque está aborrecida, Ane? – perguntou o menino.
Ela contou os acontecimentos á ele. O amigo teve a mesma opinião que sua mãe, achou-a sensível por razão da morte da avó.
- Vamos jantar? Matheus janta conosco? – Era Martha na porta do quarto da filha.
Ane não queria jantar, mas por insistência de Matheus, resolveu fazer companhia ao amigo e a mãe.
A mesa estava posta com a comida preferida de Ane, lasanha.
A conversa estava descontraída e Matheus comentou que tinha se inscrito no concurso de matemática. Dizendo também, que naquele dia Ane perdeu sua aula favorita de ciências ao deixar a escola no intervalo quando saiu correndo. Comentou que o professor perguntou dela e, ele sem saber o que responder falou que a amiga havia passado mal.
- Não precisava ter dito isso Matheus, o professor ficará preocupado.
- Não tem problema Ane, depois ligo para a escola. – falou Martha- Vou buscar a sobremesa.
- Delicia mãe! Você sempre capricha na sobremesa- comentou Ane servindo-se de um pedaço de torta de morango.
- Bem, tenho que ir! Meu pai está me esperando em casa. – Matheus levantou-se- Até amanhã.
Matheus era um menino comum, como quase todos os outros. Sua mãe foi morta em um assalto ao sair do mercado. Seu pai era ausente, às vezes ficando semanas sem falar com o filho. Matheus passava boa parte do seu tempo na casa de Ane, que era sua única amiga. Não era considerado na escola como um menino popular, mas sim, um nerd. Dedicava-se a maior parte do tempo aos estudos, pois, seu desejo era ser médico, sonho de sua mãe.
Ao sair da casa de Ane, foi direto para casa com medo de levar bronca do seu pai. Chegando lá, apesar da luz acesa ele não estava. Entrou em seu escritório para apagar as luzes e, deu de cara com várias fotos de Ane sobre a escrivaninha. O que estaria acontecendo?
Observou que junto as fotos, haviam palavras aleatórias coladas em fitas vermelhas. Leu algumas delas: poder da mente, telecinese, velocidade da luz e levitação. Assustado, deixou o quarto com medo que fosse descoberto.
Alguns meses se passaram e Ane já dominava quase toda a sua magia. Ajudava a todos a sua volta, eram acontecimentos simples, por exemplo, evitando pequenos roubos, ajudando seus amigos com pequenos gestos heroicos, embora ninguém desse muita importância a isso.
Na semana seguinte recebeu uma mensagem com endereço e hora marcada. Curiosa foi até o lugar descrito.
Chegando lá, observou que se tratava de um penhasco.
- Ane, está na hora. Você precisa vir comigo, atravessaremos esse penhasco. É mais seguro lá para nós dois. Vou ajudar a proteger sua magia.
- Esta louco Matheus? – viu ele no penhasco fazendo menção de saltar.
- Não estou. Por alguma razão meu pai está te perseguindo, deve ser por causa dos teus poderes. Hoje pela manhã vi muitas fotos tuas na escrivaninha dele.
- Mas por quê? – ela assustou-se.
- Não sei! Vamos antes que seja tarde- aproximou-se dela – Olhe! Vem vindo alguém. É o meu pai, vamos! – disse reconhecendo um dos vultos que se aproximava.
Matheus sem pensar pegou Ane pela mão e os dois saltaram do enorme penhasco.
Ao mesmo tempo, Sandra correu para o penhasco tentando impedir o homem de pular, ele sem coragem ou por causa dos gritos dela, não o fez.
- Sr. Otávio, de nada nos adianta o desespero – falou sincera – Nossos filhos e minha neta não estão mais lá. Acredito estarem em outra dimensão onde existem magias e superpoderes que a minha Ane e o seu Matheus tanto gostavam. Martha com certeza também esta lá cuidando deles agora, onde quer que estejam. Venha, vamos para casa.
Sandra o abraçou e voltaram calmamente pela trilha onde marcas de pneus de carro derrapando ainda pareciam evidentes no asfalto.
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