O Medo de Sentir Medo


Cristiane Luz

No encerramento anual festivo da faculdade, infelizmente a minha amiga secreta não conseguiu entregar-me o presente pessoalmente.

A Nati é a amiga guerreira e forte que, há 04 anos, luta contra a Síndrome do Pânico. Só quem enfrenta sabe das dificuldades dessa doença. Já passou por três crises diárias. Segundo ela, foram desesperadoras. Deixou de caminhar ao lado das pessoas, parou de utilizar o transporte público. Não saia mais de casa.

Chegou ao ponto mais crítico que o pânico poderia levá-la, o de sentir-se presa dentro de uma jaula criada por sua mente.

Tornou-se refém do medo. Tinha medo de sentir medo.

Mas, como assim? Medo de sentir medo?

Quando sentia medo, as crises voltavam. Diversos sentimentos vinham à tona: ansiedade, euforia, felicidade, tristeza, etc.

A euforia na praça de alimentação do shopping, por exemplo, manifestava a ansiedade e consequentemente o medo.

A Nati abriu mão de muitos momentos pelo “medo de sentir medo”. Era como um monstrinho que caminhava ao seu lado, não permitindo que ela vivesse de forma saudável.

Até que, um certo momento, após chegar ao fundo prejudicial que esta doença pode ocasionar, decidiu permitir-se. Ou seja, começou a praticar a aceitação. Segundo ela, pessoas com a Síndrome do Pânico precisam enfrentar a aceitação. Foi um dos desafios mais difíceis da sua vida, porque o monstrinho invisível continuava ali, ao seu lado.

Então começou a estudar sobre a doença, fez meditação, conheceu-se melhor. Finalmente não iria mais se esconder.

Tomou a atitude de aceitar-se e começou a enfrentar os seus medos. No começo foi difícil, mas, aos poucos foi vencendo as barreiras e o monstrinho foi ficando cada vez menor.

Entendeu que, através da aceitação de si mesma, fez a opção de viver.

Para ela, tudo tem um por que.

Após ter consciência da aceitação, observou que a Síndrome do Pânico também trouxe coisas boas para sua vida. Aprendeu a ter garra e lutar pelos seus objetivos. Adquiriu empatia por seus semelhantes.

Experimentou um importante amadurecimento devido a sua aceitação. Acreditou que nada é por acaso nesta vida.

Alguns dias depois, fui recebida com um forte abraço pela minha amiga e agradeci o presente tão delicado que ganhei.

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Cristiane Luz

E-mail: crisluz1311@gmail.com

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